“O produtor que preserva não quer medalha: quer dignidade e condições para continuar no campo.”
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Em meio a tantos retrocessos ambientais e discursos vazios sobre sustentabilidade, uma política pública ousada chama a atenção: o Governo de Mato Grosso do Sul lançou o primeiro edital estadual de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) voltado ao bioma Pantanal, reconhecendo na prática o valor de quem preserva a vegetação nativa — mesmo além do exigido por lei.
A proposta é simples, justa e eficaz: quem protege, recebe. O produtor que conserva áreas além da Reserva Legal ou da APP obrigatória agora pode ser remunerado anualmente por esse esforço. Uma forma de transformar o “custo de preservar” em renda, promovendo o equilíbrio entre conservação ambiental e viabilidade econômica da atividade rural.
📌 Como funciona o PSA do Pantanal?
O programa lançado pelo Governo de MS está ancorado em leis federais e estaduais que preveem o incentivo financeiro a práticas sustentáveis. A adesão ao programa é voluntária, mas criteriosa: só participa quem está regularizado, cumpre a legislação ambiental, e se compromete a não desmatar novas áreas.
As inscrições seguem abertas até 20 de agosto pela plataforma Prosas, com a previsão de pagamentos anuais via Fundo Clima Pantanal.
💡 Um exemplo que pode inspirar o estado da Bahia
A Bahia, com seus biomas ricos e pressionados — especialmente o Cerrado e a Caatinga — enfrenta realidades duras: desmatamento crescente, pequenos produtores endividados e pressionados a abrir novas áreas para sobreviver. Falta incentivo real para quem opta pela produção sustentável.
Programas como o PSA do Pantanal mostram que é possível dar renda a quem protege, aliviar a pressão por abertura de novas áreas e fortalecer o pequeno produtor rural, muitas vezes o verdadeiro guardião da vegetação nativa.
Essa política pública não apenas reduz o desmatamento, como também:
Estimula a valorização do CAR e do Cadastro Fundiário;
Cria uma nova fonte de renda sem depender de monoculturas;
Promove uma imagem positiva do agronegócio baiano, alinhada ao ESG;
Reduz a fragilidade econômica do produtor frente à especulação de terras.
🔍 Oportunidade para frear o desmatamento e gerar renda no semiárido
É hora do Governo da Bahia olhar com atenção para esse modelo. Se o Pantanal pode remunerar quem protege, por que a Bahia não pode valorizar quem conserva o Cerrado ou a Caatinga? O PSA pode ser uma ferramenta estratégica para conter o avanço do desmatamento — não com multas, mas com incentivos reais e permanentes.